Definição:
A fratura em três partes do úmero proximal é motivo de controvérsias quanto ao seu tratamento. As principais controvérsias são: Osteossíntese X Hemiartroplastia, Redução Fechada ou Aberta Limitada com Fixação mínima X Redução Aberta com Fixação interna.
Fatores como idade, sexo, atividade, qualidade óssea, tempo de lesão e nível de fratura são preponderantes na escolha do método de tratamento.
A principal complicação das osteossíntese é a necrose avascular. Sua incidência varia de 7% a 15% nas diversas séries descritas na literatura.
O método utilizado pelo autor é o de redução aberta e fixação interna com amarrilho com fio inabsorvível número 5, associado à haste intramedular rígida.
Este método utiliza-se da via deltopeitoral restrita, com o menor descolamento de tecidos moles possível, redução dos fragmentos fraturários e estabilização através de cerclagem em duplo "Oito" de fios inabsorvíveis número 5 (Ethibond), associado a uma ou duas hastes intramedulares rígidas de 6 ou 8 mm.
Este método de tratamento promove uma estabilidade no eixo rotacional pelos amare-los associados a uma estabilidade no eixo longitudinal produzida pela haste. A estabilidade proporcionada pela osteossíntese nos permite uma reabilitação mais precoce e melhores resultados funcionais.
As principais vantagens do método são: redução mais anatômica das fraturas, descolamento mínimo, boa estabilidade e baixo custo. A principal desvantagem é o maior risco de necrose asséptica, quando comparada aos métodos fechados. O ombro é uma articulação de carga relativa, nem sempre uma necrose avascular promove grandes limitações funcionais.
Em pacientes com idade avançada e fraturas epifisárias, a hemiartroplastia pode ser uma boa opção como método de tratamento.
Fratura Proximal do Úmero - 4 Partes.
São fraturas que tem como complicações principais à limitação funcional, pseudoartrose, consolidação viciosa, ossificação heterotópica e necrose asséptica da cabeça umeral.
A osteonecrose após a fixação interna ocorre em:
9% das fraturas impactadas em valgo (Jakob -JBJS- 1991)
25% das fraturas sem luxação (Neer - JBJS- 1970)
100% das fraturas com luxação da cabeça umeral (Neer - JBJS - 1970) .
o estudo radiográfico deve incluir sempre as três incidências da série trauma: ântero-posterior real, axilar e perfil de escápula. Estas incidências freqüentemente necessitam do médico auxiliando sua realização.
Tratamento Clássico das Fraturas em "Quatro Partes":
"Imediata hemiartroplastia nas fraturas em quatro partes associada ou não à luxação da cabeça umeral e à redução aberta e fixação interna apenas em pacientes jovens, com boa qualidade óssea e ausência de luxação da cabeça umeral"
Tratamento Atual:
1 - Fratura impactada em valgo - redução fechada ou aberta e fixação percutânea ou interna minimamente invasiva com cerclagem / parafusos, pinos.
2 - Fratura sem luxação - considerar idade, qualidade óssea, experiência do cirurgião, etc. - Redução aberta / fixação interna minimamente invasiva ou hemiartroplastia
3 - Fratura com luxação da cabeça umeral- Hemiartroplastia ou redução aberta / fixação interna minimamente invasiva.
Considerações Especiais:
1 - Sempre ter à mão, no centro cirúrgico, material para hemiartroplastia , mesmo quando for fazer fixação interna.
2 - A cirurgia deve ser atraumática , evitando lesar a vascularização da cabeça umeral.
3 - Trabalhos mais recentes tem mostrado índices menores de osteonecrose após fixação interna minimamente invasiva.
4 - Mesmo nos casos com osteonecrose, o colapso da cabeça umeral pode ser parcial ou não existir.